Catarata é a opacificação do cristalino, uma lente natural que fica no interior do olho. Apesar de a maioria dos casos de catarata estarem relacionados ao processo de envelhecimento, ocasionalmente crianças podem nascer com a condição ou uma catarata pode se desenvolver após traumas, inflamações, patologias oculares e sistêmicas ou até mesmo após o uso de alguns medicamentos, como os corticoesteróides.
De acordo com o último levantamento da OMS, a catarata é responsável por 51% da cegueira do mundo, o que corresponde a 20 milhões de pessoas (2010). É a principal causa de cegueira e a segunda causa de diminuição da visão, atrás apenas dos erros refrativos não-corrigidos.
Como a média de idade população mundial está aumentando, estima-se que o número de pessoas com catarata também aumente. A redução do fumo e a diminuição da exposição à luz ultravioleta podem prevenir ou atrasar o desenvolvimento da catarata. Diabete mellitus e alto índice de massa corporal são identificados como fatores de risco adicionais. O uso de algumas medicações, como os corticoesteróides, também está associado ao desenvolvimento da patologia.
A principal queixa do paciente com catarata é visão turva, por redução da acuidade visual, mesmo com o uso de óculos. Caracteristicamente, a baixa de visão é progressiva e não causa dor ou olho vermelho. Outro sintoma relatado pode ser a melhora da visão de perto sem óculos; isso ocorre devido a um aumento no poder de foco do cristalino central. Na maioria das pessoas, a catarata é bilateral, apesar de geralmente apresentar-se mais avançada num olho do que no outro. Nos graus iniciais, só é observada em avaliação oftalmológica e poderá estar visível a olho nu apenas nos estágios mais tardios, quando pode ser percebida através da pupila, que adquire uma coloração mais esbranquiçada ou amarelada.
Um detalhado exame oftalmológico deve ser realizado para identificar a presença de catarata e suas características e também para descartar outras possíveis causas de baixa de visão e comprometimento ocular.
O tratamento da catarata é cirúrgico e bastante efetivo na restituição visual. Até o momento, não há comprovação de medicações ou outras alternativas que sejam capazes de prevenir ou eliminar a doença.
Não há um momento exato para operar a catarata, isto depende das atividades diárias de cada paciente e também de suas exigências visuais. Por exemplo, um motorista profissional, com catarata inicial, provavelmente terá que ser operado prontamente para poder continuar suas atividades com segurança. Já um indivíduo que não dirige ou pouco lê, pode esperar um pouco mais. Assim, o tratamento é indicado quando a visão afeta as tarefas do cotidiano ou as atividades profissionais de cada um. Há situações em que o médico constata que, apesar de a visão do paciente ainda não estar tão reduzida, a catarata já tem um aspecto mais endurecido ou até intumescido, o que pode indicar a necessidade de sua extração.
O oftalmologista deve examinar e conversar com o paciente sobre o momento ideal para a intervenção e também sobre os riscos e benefícios da cirurgia, de acordo com seu caso.
Devido a avanços na técnica e na segurança cirúrgica, com um decréscimo na incidência de complicações, ultimamente a indicação da cirurgia de catarata tem ocorrido em estágios mais precoces da doença, quando a acuidade visual ainda não está tão comprometida.
O cristalino é uma lente natural do olho que tem aproximadamente 20 graus. Quando ele é retirado durante a cirurgia de catarata, é necessário que se reponha seu poder refrativo (grau) para que se restitua a nitidez visual. De acordo com as particularidades do paciente é que será escolhida a lente ideal para aquele caso. São as características de cada uma das lentes disponíveis que as diferenciam entre elas e acabam determinando o quanto se pode esperar em termos de resultados cirúrgicos e refrativos. Em geral, quanto mais apurada esta decisão, melhor o resultado visual para o paciente.
Há basicamente dois tipos de lentes intraoculares: monofocais e multifocais. As lentes monofocais oferecem uma distância única visão para a qual o paciente provavelmente ficará independente de óculos, necessitando dos óculos para os outros focos de visão. As monofocais são as lentes mais utilizadas, estão há mais tempo no mercado e têm custo inferior ao das multifocais. É o tipo de lente disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde e também pela grande maioria das operadoras de Saúde Suplementar em nosso país. Mais modernas, as lentes multifocais oferecem mais de uma distância de foco de visão, proporcionando ao paciente maior independência de óculos. Entretanto, pelo desenho diferenciado para promover diferentes focos, estas lentes estão mais associadas a sintomas visuais adversos, como halos e redução da sensibilidade ao contraste.
Uma vez implantada, a lente intraocular artificial é mantida permanentemente no olho do paciente; ela não tem tempo de validade, o que torna desnecessário que seja substituída com o passar dos anos.
Uma como qualquer procedimento, a cirurgia de catarata não está isenta de riscos e, apesar de raras, existem algumas complicações que podem comprometer o resultado do procedimento.